Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
26 de Abril de 2024
    Adicione tópicos

    Programa de Proteção ao Emprego, aprovado este ano, visa reduzir demissões

    Câmara também aprovou proposta que busca dar um rendimento maior ao dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS.

    Publicado por Câmara dos Deputados
    há 8 anos

    Em meio à crise econômica de 2015, duas medidas voltadas aos trabalhadores foram aprovadas pela Câmara. Uma já está valendo e pretende diminuir o número de demissões (MP 680/15). A outra foi para discussão no Senado e busca dar um rendimento maior ao dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS (PL 4566/08).

    A medida que tem o objetivo de evitar demissões em empresas que passam por dificuldades financeiras já virou lei. É o Programa de Proteção ao Emprego, que permite a redução temporária da jornada de trabalho, com redução de 30% do salário pago pelo empregador. O Governo, entretanto, compensa metade dessa perda com recursos do fundo de amparo ao trabalhador até o valor máximo de 900 reais. Assim, o empregado ganha 15% menos. Enquanto durar essa redução de jornada e salário e por um período depois, o trabalhador não pode ser demitido.

    Na época da aprovação no plenário da Câmara, o relator, deputado Daniel Vilela, do PMDB de Goiás, disse que o Programa de Proteção ao Emprego seria bom para todos os envolvidos: Governo, porque manteria arrecadação; empresas; porque preservariam a mão-de-obra qualificada; e principalmente os trabalhadores, porque continuariam com o emprego e os direitos trabalhistas.

    "Esse é um instrumento moderno, como política de manutenção de empregos. Quem originou, e que fez com que uma comitiva brasileira pudesse conhecer esse programa, foi na Alemanha, no ano de 2009, após a crise de 2008. Foi responsável, naquele país, pela manutenção de mais de meio milhão de empregos num momento muito similar ao que o país vive neste momento de retração econômica."

    O programa foi criticado por alguns parlamentares. Entre eles, o deputado Ivan Valente, do PSOL paulista, principalmente por usar dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador.

    "Nós não podemos aceitar que, na época da bonança, as empresas ganhem o quanto querem, uma das maiores taxas de lucro do planeta é aqui. E, na hora da crise, o primeiro a pagar a crise é o trabalhador. O trabalhador fragilizado vai aceitar, mas não é o patrão que paga a conta. É o próprio trabalhador, e o Estado."

    O Programa de Proteção ao Emprego virou lei em novembro de 2015 e tem validade de 2 anos. Até o final de novembro, 37 pedidos para entrar no programa tinham sido aceitos pelo Governo, beneficiando mais de 32 mil trabalhadores. Os setores mais beneficiados foram o automobilístico, metalúrgico e fabril.

    Mais polêmica foi outra medida aprovada pela Câmara relacionada aos trabalhadores: a mudança no rendimento do Fundo de Garantia. Pelo que foi aprovado, a partir de 2019, o FGTS terá reajuste igual ao da poupança, ou seja, TR mais 6% ao ano. Daqui até lá, o aumento será gradual. Atualmente o FGTS é corrigido pela TR mais 3% ao ano, o que prejudica o trabalhador, segundo o deputado Pompeo de Mattos, do PDT gaúcho.

    “A TR não passa de zero. Então é 3% enquanto ali fora, o menor rendimento é 6%. Ou seja, ele é a metade do menor, que é a poupança. Sem contar os outros rendimentos. Não vamos chegar nem á taxa Selic (básica de juros), que é 13%, 14%. Então o trabalhador foi e está sendo ao longo de muitos anos logrado pelo Governo. E quando eu digo Governo não é esse Governo que está aí. São todos. Todos os que passaram. “

    O deputado Afonso Florence, do PT baiano, pondera, lembrando que o dinheiro do FGTS é usado para financiar obras que também beneficiam os trabalhadores:

    “O FGTS não é só um depósito num fundo para rendimento do valor depositado pelo trabalhador. Queremos um rendimento saudável para aquele dinheiro depositado. Entretanto, temos que saber que, por exemplo, o Minha Casa, Minha Vida. Até 3 salários mínimos [de renda mensal], é direto do Tesouro. Na faixa 2 e 3, o subsídio vem do FGTS. Então o próprio trabalhador, além de ter o rendimento, tem o subsídio para a casa própria.”

    O acordo que permitiu a aprovação do aumento do rendimento do FGTS no plenário da Câmara envolveu dois pontos: garantir que 60% do lucro do FGTS banque parte do valor do imóvel para famílias de baixa renda no Minha Casa Minha Vida; e escalonar em 4 anos o aumento do reajuste do fundo. O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães, elogiou o trato, mas adiantou que não se garante a sanção presidencial.

    "Porque que não deu para bater o martelo em 100%, porque a área econômica do governo tinha todos os dados com base em oito anos, os impactos etc. Evidentemente que vamos trabalhar com o máximo de cuidado para preservar aquilo que foi acordado e, evidentemente, o governo [vai] analisar com muito cuidado se sanciona, se veta, e em que condições."

    O líder do Solidariedade na Câmara, deputado Paulo Pereira da Silva, criticou a postura do Governo.

    “Fizemos uma concessão que é aplicar 60% do lucro do FGTS no Minha Casa Minha Vida, que é cerca de 12 bilhões de reais por ano para o Minha Casa Minha Vida. Aí o líder do Governo, que fez o acordo agora fala que talvez a Dilma vete. Ou seja, uma coisa de maluco. É um governo completamente perdido no que está fazendo.”

    Agora, a proposta que aumenta o rendimento do FGTS será analisada no Senado. Só para se ter uma ideia, no primeiro semestre de 2015, o Fundo de Garantia tinha 137 milhões de contas ativas de trabalhadores, envolvendo quase 450 bilhões de reais. Quase metade desse dinheiro estava sendo usada para financiar casa própria.

    Reportagem — Ginny Morais
    • Publicações97724
    • Seguidores268411
    Detalhes da publicação
    • Tipo do documentoNotícia
    • Visualizações79
    De onde vêm as informações do Jusbrasil?
    Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/programa-de-protecao-ao-emprego-aprovado-este-ano-visa-reduzir-demissoes/283130516

    0 Comentários

    Faça um comentário construtivo para esse documento.

    Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)