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25 de Abril de 2024

Relator propõe criação de contribuição negocial para financiar sindicatos

Publicado por Câmara dos Deputados
há 8 anos

Essa contribuição, destinada ao pagamento das despesas jurídicas, técnicas e administrativas das negociações coletivas, é cobrada atualmente por alguns sindicatos, mas há questionamentos na Justiça sobre sua validade.

Relator prope criao de contribuio negocial para financiar sindicatos

O deputado Bebeto (PSB-BA) apresentou nesta quarta-feira (15) o relatório final da Comissão Especial sobre Financiamento da Atividade Sindical, que propõe nova contribuição a ser paga pelo trabalhador (sindicalizado ou não): a contribuição negocial. O texto não chegou a ser discutido por causa do início da Ordem do Dia do Plenário da Câmara dos Deputados.

A contribuição negocial será cobrada mensalmente tanto de empregados quanto de empregadores, com exceção do mês de cobrança da contribuição sindical. O valor a ser arrecadado será fixado em assembleia de negociação salarial ou convenção coletiva e não poderá ultrapassar 1% da remuneração bruta anual do trabalhador.

“A contribuição tem de ser de sustentação do processo negocial por todos os beneficiários daquele resultado empreendido na negociação, quer seja pela representação econômica, quer seja pelos trabalhadores”, disse Bebeto.

Essa contribuição, destinada ao pagamento das despesas jurídicas, técnicas e administrativas das negociações coletivas, é cobrada atualmente por alguns sindicatos, mas há questionamentos na Justiça sobre sua validade e extensão.

Segundo a proposta do relator, o recurso dos trabalhadores será compartilhado entre sindicato (80%), federação (5%), confederação (5%), central sindical (5%) e também será destinado ao conselho de autorregulação sindical (4,5%) e ao aparelhamento da inspeção do trabalho (0,5%). Já as entidades patronais deverão destinar 85% ao sindicato, 5% para a federação, 5% para a confederação e os mesmos percentuais de trabalhadores para o conselho sindical e para inspeção e fiscalização.

O texto prevê penalidades para o empregador que não repassar a contribuição negocial ou deixar de enviar a relação de trabalhadores com os valores recolhidos.

O presidente da comissão, deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), defendeu a união das centrais sindicais para aprovar a proposta. “Se aprovarmos esse projeto, garantimos a vida do sindicalismo brasileiro por mais uns 100 anos.”

O ministro do Trabalho e Previdência Social, Ronaldo Nogueira, afirmou que a proposta vem ao encontro de sua visão de estrutura sindical.

Contribuição sindical

Atualmente, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, Decreto-lei 5.452/43) prevê apenas um tipo de recolhimento compulsório a todos os trabalhadores: a contribuição sindical, descontada em folha no mês de março, correspondendo a um dia de salário. Além da contribuição sindical, a CLT estabelece como fonte de financiamento sindical as contribuições de associados, bens, doações e multas.

A mudança faz parte de uma sugestão no relatório de projeto de lei para alterar a CLT. O texto também prevê regras para disciplinar as relações de transparência, participação, democratização e autorregulação da atividade sindical.

Atualização da contribuição

Para ampliar a arrecadação sindical, o projeto propõe ainda outras alterações. A primeira é a previsão de uma atualização automática na contribuição sindical de acordo com a variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), em outubro de cada ano. Por esse índice, o valor de uma contribuição de R$ 100 subiria para R$ 110,75, com INPC de 10,75% para o período.

A segunda é a inclusão do empregado rural e do servidor público federal na obrigação de pagar um dia de trabalho como contribuição sindical. Há regra especial para o trabalhador rural autônomo, com contribuição de R$ 25, e agricultor familiar, com pagamento de R$ 50.

Já para as empresas, ou profissionais liberais e autônomos organizados em empresa, o texto aprovado fixa em R$ 213,42 a contribuição mínima anual. Acima desse valor, há uma tabela progressiva, calculada por meio de alíquotas variáveis em função do capital social registrado pela empresa.

Funciona mais ou menos como no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). O contribuinte vai calcular o percentual a partir do seu capital social e somar a parcela a adicionar. Por exemplo, se a empresa tem capital social de R$ 50 mil, ela terá de pagar R$ 366,77 (capital social x 0,2% + R$ 266,77 de parcela a adicionar).

Pela última atualização da legislação vigente, o valor das contribuições para profissionais autônomos e liberais está congelado em R$ 5,70. Para empregadores, o mínimo é de R$ 11,40 e o máximo, de R$ 5.367,94.

Eleição

O texto amplia para todo trabalhador de uma determinada categoria a possibilidade de votar nas eleições de dirigente sindical. Atualmente, a CLT restringe o direito de voto aos trabalhadores sindicalizados há, pelo menos, seis meses e com dois anos de exercício profissional. Os sindicatos mantêm a prerrogativa de escolher os candidatos.

Reportagem – Tiago Miranda. Edição – Pierre Triboli

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12 Comentários

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Mas imagina quem está por trás deste imposto?
Quem quer garantir a sobrevivência dos sindicatos por mais 100 anos?
Quem tem tanto interesse em se manter e ter um rio de dinheiro aos seus pés?
Seria alguém que fundou um partido pra fazer negociatas no congresso?
É, este alguém tem muita "FORÇA".
Mas a casa dele sem demora cai!! continuar lendo

Temos que lutar pelo fim do Imposto Sindical. Não pelo aumento de impostos.
Chega de pão com mortadela.
Quem quiser ser sindicalizado, que se inscreva e pague do próprio bolso.
Não do bolso de outros. continuar lendo

Isto é absurdo! As empresas já contribui todos os anos com 15% do salário base de seus funcionários, (Sind Met São Paulo denomina como Contribuição de Treinamento e Requalificação Profissional) os funcionários já paga a Contribuição Sindical, Contribuição Confederativa 1% do salário base todos os meses, paga 15% do PLR e os Sindicatos ainda quer mais contribuição? Vai sobrar alguma coisa para o funcionário receber? Contribuímos e não temos nenhum retorno dos sindicatos. Quando recorremos a eles, temos que pagar por uma assessoria jurídica, temos que ser associados se quiser ter um atendimento de consulta médica, isto só com clinico geral. Portanto, chega de arrecadação desses sindicatos, isto não pode ser aprovado. É muita gente que não faz nada se aproveitando daqueles que acordam cedo e enfrentam transportes lotados e ainda levando uma marmita que muitas vezes chegam reviradas até o seu local de trabalho. Eu digo, CHEGA! CHEGA! CHEGA!!!! continuar lendo

Sindicatos no Brasil têm que passar por uma reformulação geral, pois o PT destruiu todos, em especial a CUT, aparelhando-os. Sindicato hoje virou trampolim para cargo eletivo e para atender vários interesses - exceto os do trabalhador.

Eu nem lembrava que o Bebeto existia e ele me aparece com um projeto que vai dar dinheiro pra uma coisa que não está funcionando no país... continuar lendo

Ah, que tal 90% do salário? A coisa é um despropósito que não dá nem para comentar. Sindicado deveria ser opcional e não obrigatório. continuar lendo